Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda debate o tema com executivos do setor
Há dez anos, na época da abertura do mercado de resseguro brasileiro, o enorme potencial do País, sua grande população e sua economia forte já chamavam a atenção das resseguradoras internacionais, ávidas para atuarem por aqui, afirmou Javier Vijil, da Transatlantic Reinsurance Company, durante o painel Perspectiva para o Seguro e Resseguro no Brasil, realizado no segundo dia do 6º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro.
Já em atividade por aqui, a resseguradora de Javier, bem com as demais, descobriram algumas das peculiaridades de nosso mercado. Entre elas, a existência do “Custo Brasil”, não inicialmente contabilizado.
Passados esses dez anos, o setor vê-se fortemente afetado pela deterioração do ambiente econômico-financeiro brasileiro, levando à possibilidade de que alguma resseguradora venha a quebrar, o que seria péssimo para o setor como um todo, concluiu Javier. Outro participante do painel preocupado com o ambiente econômico-financeiro brasileiro era o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk, para quem o Brasil está saindo da pior recessão desde, pelo menos, 1901, quando se começou a medir o PIB brasileiro.
Lembrando a crise do 2008, Fábio afirmou que o governo de então decidiu cortando impostos e distribuir dinheiro na expectativa de gerar demanda, mas o resultado foi o aumento do déficit público e da dívida, sem crescimento da economia e perda de esperança dos empresários. Com a saída de Dilma e a entrada de Temer, segundo o secretário, houve um retorno da confiança mas, ainda assim, a economia não voltou a crescer como o esperado devido ao já elevado endividamento das famílias e empresas. Atualmente, passados quase oito meses do impeachment, os indicadores começam, enfim, a dar sinais de melhora e a previsão de crescimento do PIB para o 4º trimestre de 2017 é de 2,7% na comparação com o mesmo período de 2016. Outra previsão apresentada pelo economista é a do crescimento do PIB brasileiro até 2027 dentro de dois cenários distintos. Caso o governo consiga empreender as reformas necessárias, esse crescimento pode chegar a uma média de 3,7%. Caso contrário, não passaria de 2,3%. E entre as reformas consideradas necessárias estão a Trabalhista, visando a redução do desemprego, e a da Previdência, para reduzir os gastos considerados elevados demais para um país com uma população de maioria ainda jovem e em idade ativa.
Fábio considera que o “excesso de generosidade da previdência social brasileira” é uma das principais razões para nosso baixo índice de poupança. Assim, segundo ele, com a reforma da Previdência e a consequente melhora dos índices de poupança, as taxas de juros tendem a cair e a economia a se fortalecer. E sendo o produto seguro, também de acordo com ele, um bem superior (aquele que, em linguagem econômica, quando a renda cresce, sua demanda cresce ainda mais), deverá crescer bem mais que o PIB nos próximos anos.
Quando questionado sobre a possibilidade de queda nos juros para fortalecer os negócios, o secretário afirmou que isso não é possível enquanto a dívida brasileira continuar tão elevada em relação ao PIB.
Também participando do painel, o presidente do IRB, Tarcísio Godoy, disse não encarar o seguro como um bem superior, preferindo defini-lo como uma indústria de formação de poupança e de mitigação de riscos. Indústria que precisa se abrir mais e aumentar a concorrência para prestar mais serviços à sociedade. “A importância segurada no Brasil é estimada em R$ 1,5 trilhão e, dos prêmios resseguráveis, apenas 10% os são”, afirmou.
Mas para alcançarmos esse crescimento, o presidente do IRB considera fundamental, além de desenvolvermos novos produtos, com ganho de eficiência e capacidade financeira, reduzirmos a carga tributária, que, no Brasil, é de 45% da produtividade, bem menor que as das seguradoras de fora, que competem com as daqui em todas as partes do mundo.
Participou também do painel, como coordenador de mesa, Antonio Trindade, da CHUBB.
Fonte: CNSeg