oje temos 350 mil vidas”. A forma como o empresário Pedro Assis se refere aos beneficiários do plano de saúde criado por ele talvez explique o crescimento acelerado da Agemed, que só de faturamento aumentou 67% no ano passado. Depois de passar três anos atendendo os funcionários de uma única empresa, Assis iniciou um plano de expansão e nos últimos anos, quando o país apresentava seus piores índices econômicos, foi o período que a empresa mais cresceu.
O negócio começou quase por acaso. Assis é economista e era funcionário de uma empresa de tubos e conexões de Joinville. Trabalhava no setor de benefícios e, segundo Assis, na década de 1990 a empresa começou a estudar a possibilidade de implementarem plano de saúde aos colaboradores.
Porém, as poucas opções disponíveis eram inviáveis. “Na época, 1992, o plano de saúde mais barato custava 14 dólares por pessoa – cerca de R$ 52,00. A empresa não podia pagar isso, então iniciei um estudo para viabilizar o plano através da própria empresa”, conta o empresário, que chegou a um plano que custava cerca de 8 dólares – em torno de R$ 30,00 – por colaborador.
Até 1995, o plano de saúde foi gerido pela própria empresa. Neste ano, porém, o presidente decidiu terceirizar o serviço. “Ele me chamou e disse: ‘Pedro, existe a possibilidade de você vender esse serviço para outras empresas. Se você fizer isso, serei seu primeiro cliente’”, lembra Assis.
O empresário não nega que foi preciso coragem: saiu de um emprego estável, em uma empresa em constante crescimento, para apostar em um negócio de risco: “O negócio de planos de saúde é muito instável, porque em um mês as despesas podem ser maiores do que as receitas. E isso acontece”, comenta Assis, que, no entanto, acreditava no seu modelo de negócio.
De 1995 a 1998, a Agemed atendeu praticamente só os colaboradores de uma única empresa. Em 2000, com o surgimento da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula os planos de saúde, os produtos passaram a ser registrados. Enquanto centenas de planos de saúde deixaram de existir nessa época, Assis percebeu uma oportunidade para ingressar no mercado oferecendo seus serviços e o seu modelo de negócios.
De 3 mil a 300 mil vidas
O primeiro plano de saúde, formatado aos colaboradores de uma empresa, já contemplava também Assis e a família. Conforme foi oferecendo outros modelos, o empresário comenta que os primeiros a testar seguem sendo seus familiares e funcionários, como uma forma de atender o que se tornou um lema da empresa: “servir aos outros como gostaria de ser servido”.
Esse, segundo o empresário, é um dos fatores que podem explicar a expansão da empresa. “Um dos planos eu criei porque eu percebia que meus netos sempre adoeciam de madrugada ou na creche e sempre era um incômodo para os pais. Nesse plano, a ambulância vai até o local, seja casa ou onde a criança estiver”, explica Assis.
Além disso, há outros fatores que ajudaram no crescimento da Agemed. Entre os principais motivos do crescimento acelerado, ele afirma que está a adesão de empresas com poucos funcionários, que antes não conseguiam oferecer esse benefício aos seus colaboradores. “Seja se a empresa tem um ou mil colaboradores, nós criamos opções de planos que o mercado não oferecia de forma viável”, comenta. Com isso, grande parte dos 115 mil mil novos usuários que aderiram à empresa no ano passado são pessoas que nunca tiveram plano de saúde.
Para Assis, o que viabiliza sua empresa é a estrutura enxuta, com uma rede de serviços bem estruturada: “100% dos serviços são terceirizados. Não concorremos com os prestadores. Eles prestam o serviço e atendem o cliente, nós fazemos a gestão”, explica.
Além disso, segundo Assis, a estrutura enxuta faz com que as demandas possam ser resolvidas de forma rápida: “É uma empresa familiar, gerida pelo fundador, de 67 anos, e os três filhos. Os problemas são sempre rapidamente resolvidos”, comenta.
Outro fator que impulsionou o crescimento foi o interesse dos próprios profissionais e das unidades de saúde: “nós não temos unidades próprias, então, em alguns estados, os próprios hospitais e clínicas começaram a nos procurar para fazer parcerias. E isso fez com que as pessoas começassem a pedir pelo plano de saúde e assim a rede foi aumentando”, explica o empresário.
Além de Santa Catarina, nos últimos anos a Agemed chegou ao Paraná, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Mato Grosso. Atualmente, são 350 mil usuários, com uma média de 15 mil novas ‘vidas’ cadastradas todos os meses.
O plano de expansão segue sobretudo em regiões onde há potencial: “Aqui [Joinville] 46% da população tem plano de saúde. No Oeste e meio Oeste catarinense, menos de 10% da população tem. E sem perspectivas de melhoria na saúde pública a curto prazo, cada vez mais pessoas escolhem e precisam da saúde privada. Vamos atrás desse público”, finaliza o empresário.
Fonte: G1