Salários altos, bônus por desempenho em campeonatos, receitas de publicidade e mudanças drásticas no padrão de vida em um curto espaço de tempo, essa é a realidade de alguns jogadores de futebol que conseguem ingressar em grandes clubes nacionais e até internacionais. A vida financeira de um atleta tem particularidades bastante diferentes das demais profissões, e exigem também um planejamento e um cuidado especial. “Um jogador de futebol, por exemplo, tem uma carreira muito curta, é preciso ter um acompanhamento mais próximo e se adequar às mudanças”, afirma Bruno Leiria, assessor de investimentos na Moneymark.

De acordo com a Lei Pelé (Art. 45 – Lei 9615/98), atualmente, todos os jogadores, tanto profissionais quanto amadores, registrados no Brasil devem possuir um seguro de vida em grupo e de acidentes custeado pelo clube com uma indenização mínima no valor de seu rendimento anual. Porém, muitas vezes esse valor não atende à necessidade de quem possui um padrão de vida bastante elevado, podendo ser então complementado com a contratação de um seguro de vida individual.

Para Leiria, o seguro de vida individual consiste em parte central do planejamento financeiro de um atleta. A explicação para a importância do produto passa pela flexibilidade, com proteções distintas para o início e o fim da carreira. No começo, o momento é de crescimento profissional, formação do patrimônio e grandes mudanças no estilo de vida. Nessa etapa da vida, o assessor da Moneymark recomenda que os atletas façam um seguro de vida com a contratação de uma cobertura opcional com proteção por invalidez, uma vez que a condição física do atleta é fundamental para a realização de suas atividades profissionais e, consequentemente, para a geração da renda.

Ao conquistar salários cada vez maiores e grande visibilidade no mercado futebolístico, o padrão de vida desses atletas também costuma acompanhar seus rendimentos e atinge níveis extremamente elevados. O seguro de vida é uma proteção, caso aconteça algum imprevisto no meio de sua carreira, para que seja possível manter esse padrão de vida, ou pelo menos reduzir os impactos causados pelo corte em seus ganhos salariais.

Além disso, o benefício pago poderá auxiliar nos gastos que não estavam previstos como tratamentos e cuidados especializados em caso de uma lesão grave, por exemplo, que possa significar o fim de sua carreira. No Brasil, existem seguradoras que oferecem seguros com coberturas de até R$ 50 milhões em indenização.

Já ao final de sua carreira, a condição financeira do atleta de ponta é um tanto diferente: ele pode ter construído um bom patrimônio para se resguardar, já que na maioria das vezes ele é o principal gerador de renda da família. Mas, pensando em longo prazo, é preciso pensar em uma estratégia adequada de sucessão patrimonial, uma vez que os custos para um processo de inventário podem impactar significativamente o montante disponível para os herdeiros, reduzindo o total em até 20%, dependendo do estado.

Um dos clientes atendidos pelo assessor da Moneymark é um ex-jogador de futebol, cuja identidade não é revelada por questões de privacidade. “Ele sempre fez investimentos tradicionais, durante sua vida produtiva sempre comprou muitos imóveis e imobilizou bastante seu capital, então em um processo de sucessão seus herdeiros provavelmente enfrentariam problemas de liquidez”, conta.

Durante um processo de herança, é comum que famílias com grande parte do patrimônio imobilizado não consigam acessar os bens para arcar com os custos do inventário – pode ser necessário entrar com ações judiciais para vender imóveis, de modo a ter liquidez para arcar com esses valores. Imagine uma família com R$ 10 milhões em imóveis: o custo do inventário pode representar um desembolso de R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões para conseguir dar andamento ao processo. Enquanto isso, a indenização paga pelo seguro de vida tem maior liquidez, pois não é considerada herança e, com isso, não entra em processo de inventário; é isenta do imposto de renda e deve ser paga até 30 dias após a entrega da documentação exigida pela seguradora.

Flexibilidade

A vida de um atleta é marcada por grandes mudanças. Muitos jogadores de futebol são sondados por grandes clubes internacionais, recebem propostas milionárias e de uma hora para outra passam a receber elevados salários. Essas mudanças impactam diretamente no padrão de vida do jogador e de sua família, e por isso podem – e devem – ser refletidas em seu seguro de vida. “O atleta pode tanto aumentar quanto diminuir a cobertura de acordo com suas necessidades naquele momento, além da possibilidade de contratar as proteções temporárias”, afirma Leiria, lembrando que essas podem ser estruturadas para a vigência contemplar praticamente toda a carreira do atleta.

Há, ainda, outra alternativa que chama atenção pela flexibilidade: o seguro de vida resgatável. Essa modalidade de seguro de vida envolve a formação de uma reserva financeira, que não constitui a devolução dos prêmios pagos, mas poderá ser acessada parcialmente após um prazo de carência. “Apesar de não ser um investimento, nessa opção o segurado pode optar por manter a cobertura ou fazer o resgate parcial ou total do valor de resgate disponível”, explica o assessor da Moneymark.

Interesse dos empresários

Empresários de jogadores de futebol trabalham para descobrir novos talentos e obter algum retorno financeiro, por meio da valorização do atleta no mercado. Muitos buscam talentos ainda em formação com um grande potencial de crescimento, adquirindo parte de seus direitos econômicos ainda jovens ou com alguma comissão acordada em contrato, em caso de transferências futuras entre clubes.

A contratação para o atleta de um seguro de vida, no qual o empresário seja o responsável pelo pagamento, bem como o beneficiário da apólice, reduziria bastante os prejuízos causados em caso de imprevistos, como o falecimento do atleta, servindo como uma proteção aos investimentos realizados naquele atleta até então.

Isso porque, neste caso, o seguro garante o pagamento da indenização ao empresário no caso de falecimento do atleta. Para os demais imprevistos, como uma invalidez ou doença grave, o benefício do seguro é pago ao próprio atleta.

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