ex-ministro Roberto Campos dividia os países em duas categorias: os naturalmente pobres, mas vocacionalmente ricos, como o Japão, a Coréia do Sul e Taiwan, e os naturalmente ricos, mas vocacionalmente pobres, como o Brasil e a Argentina.

Onde reside, então, a diferença entre países pobres e ricos. Olha, não é a idade. Canadá, Austrália e Nova Zelândia, que há 150 anos eram inexpressivos, hoje são desenvolvidos e ricos.

A diferença também não reside nos recursos naturais disponíveis. O Japão tem um território limitado, 80% montanhoso, mas é a terceira economia mundial. Uma imensa fábrica flutuante, importando matéria-prima e exportando produtos manufaturados. A pequena Suíça não planta cacau, mas tem o melhor chocolate do mundo e laticínios excepcionais. Ainda, passa imagem de segurança, ordem e trabalho, o que a transformou na caixa forte do mundo.

Também não há diferença intelectual significativa por raça ou cor da pele entre executivos de países pobres e ricos. Os indianos ocupando postos-chave nos Estados Unidos provam isso.

Não dá para entender porque em um país como o nosso, imenso, farto de riquezas minerais, de terras férteis, de biodiversidade, de belezas naturais, somos eternos candidatos ao desenvolvimento e potência emergente; um permanente quase.

Não aguento mais ver, entra ano sai ano, a mídia divulgar a inflação e juro em alta- que empobrecem o trabalhador-, as catástrofes sempre previstas, mas nunca prevenidas, a corrupção nunca punida, as mentiras repetidas, o político desmascarado nunca vencido.

Olha, é impossível fazer estas duas coisas juntas: jantar e assistir ao Jornal Nacional. Dá ânsia de vômito. E me sinto um idiota quando uma autoridade aparece na TV justificando o pesadelo ou prometendo o sonho.

Temos que varrer a escória da vida pública brasileira. É hora de dar um basta!
Mas o desafio não para aí. Precisamos, também, resgatar nos negócios, na política e na vida pessoal valores esquecidos, mas, por certo, ainda não perdidos.

Valores como a ética, a integridade, a responsabilidade, o respeito às leis e direitos dos demais. Atitudes do dia a dia, como o amor ao trabalho, a superação e a pontualidade, por exemplo.

Não somos pobres porque nos faltam recursos ou não temos capacidade, mas porque nos falta ética, seriedade e atitude, na vida e na hora de escolher nossos representantes.

Só há um caminho e ele começa dentro de nós: mostrar indignação. Porque um povo que perdeu a capacidade de se indignar não merece ser nação.

Fonte: Tribuna PR
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